BRASIL IMPÉRIO
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Bandeiras brasileiras
PRIMEIRO IMPÉRIO
PERÍODO REGENCIAL
MAPA MENTAL SOBRE A REVOLTA DA FARROUPILHA FEITA POR ALUNOS DA 2ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO.
E COMO PROMETIDO: VAI AQUI A PUBLICAÇÃO DOS VENCEDORES!!!! PARABÉNS.
SEGUNDO IMPÉRIO
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Assassinos oficiais
Bandeiras brasileiras
Os estandartes do
país, da Colônia à República
Confira no link abaixo.
Desde que foi composto até chegar ao que conhecemos atualmente, o Hino Nacional teve cinco fases. As mudanças ficaram mais centradas na letra, porque a música não sofreu nenhuma grande alteração. Composta por Francisco Manuel da Silva em 1822, no fervor da declaração de independência, a música original (só instrumental, sem letra) – que é a primeira versão – foi batizada de Marcha Triunfal. Mas, para não disputar a atenção com a composição de dom Pedro I (que é hoje nosso Hino da Independência), Francisco achou melhor apresentar sua criação à nação em outra oportunidade.
Curiosidade: Uma lei de determina que o tom do Hino Nacional seja si bemol para execuções instrumentais e fá maior quando acompanhado por voz!
PRIMEIRO IMPÉRIO
Mitos na berlinda
O Brasil coleciona personalidades que inspiram liderança. Mas os heróis de hoje podem não ser os de amanhã
Dom Pedro I |
Vivi Fernandes de Lima
O paulistano Benedito Eliseu dos Santos foi um dos mais de 25 mil brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Ele não ostentava as divisas dos oficiais militares em sua farda – era soldado – e não pôde ver a calorosa recepção que a população e o governo brasileiro prepararam para a chegada dos pracinhas, vindos da Itália em 1945. Benedito morreu na guerra, como outros 456 expedicionários, e é reconhecido como um herói pela Força Expedicionária Brasileira (FEB). Afinal, “é melhor morrer em combate do que ver ultrajada a nossa nação”, já dizia o primeiro-ministro britânico Winston Churchill.
Hoje, Benedito dá nome à rua de um colégio que homenageia todos os combatentes da Segunda Guerra: a Escola Estadual Heróis da FEB, no Parque Novo Mundo, em São Paulo. A escola e seu endereço não estão sozinhos na homenagem a esses homens: o bairro inteiro tem ruas com nomes de expedicionários. Cristiane Matos, professora de História da colégio, levou o tema para a sala de aula: “Fizemos um projeto em que os alunos saíram à caça de documentos de ex-combatentes. Foi ótimo; eles buscaram a história de cada um que dá nome às ruas”.
A atividade fez com que os estudantes se interessassem pela guerra, o que nem sempre é fácil. “Normalmente, os alunos não têm facilidade em relacionar os heróis com os fatos históricos. Sobre Tiradentes, por exemplo, a maioria sabe que ele morreu enforcado e que se parecia com Jesus. Só isso”, diz a professora. A distância entre a figura do líder e a sua causa está presente até no caso de Che Guevara, apontado por professores como o personagem histórico mais popular para a juventude. Aqui, “muitos vestem a camisa com a foto do Che e não têm noção da história dele. O que atrai o interesse dos jovens é mais o poder de comando e de liderança do personagem do que a sua causa”, afirma Cristiane.
O professor de História da Escola Estadual Tiradentes, em Umuarama (PR), Ângelo Alves, concorda com a colega de profissão paulista. Mesmo estudando no colégio que tem o nome do mais famoso inconfidente, muitos de seus alunos não reconhecem Tiradentes como um herói. “Atualmente, a historiografia vem desmitificando muitos nomes. O próprio Tiradentes se diluiu bastante. Já Che Guevara chama muito a atenção dos jovens. Eles se encantam com seu espírito aventureiro e por ter entrado numa luta que parecia impossível. E, claro, com o grande marketing que é feito com sua imagem”, explica o professor.
Mas, afinal, o que faz um personagem histórico ser reconhecido como herói? O poeta espanhol Reinaldo Ferreira (1922-1959), em sua “Receita para fazer um herói”, menciona alguns passos para a construção desse personagem mítico: “Tome-se um homem,/ feito de nada, como nós/ (...)Depois, perto do fim,/agite-se um pendão,/e toque-se um clarim”. Para arrematar a receita, uma dica fundamental: “Serve-se morto”.
Nesse ponto, as definições de herói e mártir se assemelham. Mas a permanência do heroísmo de quem sofreu por uma causa depende de muitas circunstâncias. “A construção de um herói é, ao mesmo tempo, um processo político e histórico. Ou seja, um protagonista da História delineia, simultaneamente à sua atuação, uma memória de si mesmo e de seus atos”, explica a historiadora Cecília Helena Lorenzini de Salles Oliveira, diretora do Museu Paulista da USP. A memória a que ela se refere pode ser enaltecida ou difamada, durante ou após sua vida. Isso depende dos objetos e documentos deixados, mas também da vontade de outras pessoas e de segmentos sociais que interpretem este protagonista como um representante do que desejam. “Assim, um protagonista que, para seus contemporâneos, não mereceu consideração pode vir a se tornar posteriormente uma referência na compreensão de certos eventos”, esclarece Cecília.
Esse reconhecimento pode demorar muitos anos, décadas e até séculos. No caso de Tiradentes, a primeira celebração do 21 de abril ocorreu em 1881, 89 anos após sua morte. A data só virou feriado nacional em 1890, no mesmo ano em que o 15 de novembro também passou a ser comemorado. Coincidência? Nem um pouco. Os republicanos estavam ávidos por lançar um herói para o novo regime. E esta era uma tarefa difícil, já que a Proclamação teve quase nenhuma participação popular e, como o historiador José Murilo de Carvalho escreveu, “a pequena densidade histórica do 15 de novembro (uma passeata militar) não fornecia terreno adequado para a germinação de mitos”.
Enquanto tentavam exaltar a imagem do marechal Deodoro, de Benjamim Constant e Floriano Peixoto – que sequer foram heróis militares –, Tiradentes vinha aparecendo na literatura e nas artes. O poeta Castro Alves chegou a se referir ao inconfidente como “o Cristo da multidão”. Sua simpatia pela república – nos moldes norte-americanos, e não nos da que foi implantada aqui – e a memória de seu martírio couberam como uma luva na vaga de herói daquele momento político. A proliferação de estudos sobre o personagem chegou a levantar a hipótese de que Tiradentes teria escapado da forca, teoria desmentida posteriormente [Ver Diálogo, p. 96].
Em 1965, quando o país estava novamente sob o regime militar, Tiradentes foi proclamado patrono cívico da nação brasileira. O mesmo governo também decretou que todas as repartições públicas do país afixassem o retrato do inconfidente, o que era impensável no Império, quando se aclamava D. Pedro I como herói da Independência, ou melhor, o neto da rainha que mandou executar Tiradentes. A divulgação da imagem do imperador estava fortemente ligada à atuação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado em 1838 para criar uma história nacional.
Outro exemplo de herói a serviço do governo é o duque de Caxias, que já era reconhecido pelos políticos do Partido Conservador, do qual fazia parte, durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). “Ele havia tomado decisões em campo de batalha que dirigiram os combates a favor do Império. Foi essa situação que fez com que sua biografia se engrandecesse e que sua atuação anterior – no combate às revoluções que ocorreram no Brasil nas décadas de 1830 e 1840 – fosse interpretada de modo positivo”, explica Cecília Oliveira. Mas durante a ditadura, a historiografia marxista atacou o herói militar, considerando-o um assassino, por ter liderado o Brasil na guerra mais sangrenta da América Latina.
Essa discussão sobre quem são os heróis, expondo versões sobre “o outro lado” do senso comum, pode parecer uma tentativa de derrubar os grandes personagens. Mas a questão não é assim tão simplória. “Os estudos históricos, desde os anos 1920, têm procurado desmistificar os heróis para evidenciar como foram projetados. Para o historiador, o fundamental não é descobrir ou destruir heróis, mas reconstituir uma época, um evento, uma situação, para entendê-los por inteiro, nas suas várias facetas e contradições”, elucida Cecília.
E contradição é o que não falta quando ao assunto é um grande personagem. Além de suas biografias terem diferentes versões com o passar do tempo, há também casos em que o indivíduo é endeusado e demonizado num mesmo período. Assim é Lampião: alguns batem palmas para sua origem humilde e para o discurso de que ele entrou no cangaço para fazer justiça; outros têm repugnância por quem talvez tenha sido o mais cruel dos bandidos do Nordeste. Já o padre Cícero é ainda uma personalidade muito popular na região, onde nem sempre o senso comum está de acordo com a historiografia acadêmica. Sua biografia não deixa escapar uma possível aliança com o cangaço para combater a Coluna Prestes, liderada por outro herói nacional, Luiz Carlos Prestes.
Como se vê, há heróis para todos os lados. E se eles refletem, de certa forma, as transformações das sociedades, é natural que novos heróis surjam a cada época. Decretar um feriado em homenagem a Zumbi e à Consciência Negra, como ocorre hoje em mais de 200 cidades brasileiras, só foi possível quatro séculos depois do fim do Quilombo dos Palmares. Nesse caso, novamente a memória e a política se unem. Desta vez, como resultado do crescente movimento em defesa dos direitos dos negros.
Além de Zumbi, o quilombola Malunguinho foi bastante perseguido em Pernambuco no século XIX e é reverenciado como herói. “Hoje, este líder é muito comemorado no catimbó, no meio da mata, com festas”, conta o historiador pernambucano Marcus de Carvalho. Em 1827, tropas do governo enfrentaram o quilombo de Malunguinho, mas muitos negros conseguiram fugir, inclusive o líder. Uma recompensa de 100 mil-réis foi oferecida por sua captura ou morte. “Para se ter uma ideia do temor que ele provocava, foi a maior quantia proposta pela captura de alguém vivo ou morto em Pernambuco até a Cabanada (1832-1835)”, diz o historiador. Atualmente, o quilombola é, inclusive, nome de uma lei estadual que criou a Semana Estadual da Vivência e Prática da Cultura Afro Pernambucana, em 2007.
O líder da Revolta da Chibata, João Cândido, é outro personagem que foi ainda mais valorizado com o movimento negro. Sua vida não para de despertar a curiosidade de pesquisadores, que volta e meia encontram uma novidade sobre o Almirante Negro [Ver artigo De “ingênuo” a rebelde, p. 24]. Aliás, enquanto ainda se investiga esse mito, a historiografia recente traz a existência de outro líder da Revolta. Os historiadores Marco Morel e Sílvia Capanema de Almeida publicaram recentemente descobertas sobre Adalberto Ferreira Ribas (1891-1963), que provavelmente foi quem escreveu o manifesto com as reivindicações do movimento contra os castigos corporais aplicados aos marinheiros [Ver RHBN nº 53].
A descoberta de novos heróis e a revisão dos antigos pode estar também associada ao aumento de estudos biográficos. Durante muito tempo – aproximadamente até a década de 1970 –, a biografia não era considerada História por se tratar de uma investigação sobre um indivíduo, e não sobre acontecimentos coletivos. Mas o próprio Karl Marx, que é referência para a história social, já dizia que não via os indivíduos como elementos isolados... Se a historiografia muda, os heróis também podem mudar. Enquanto isso, a juventude brasileira veste camisetas com estampas do argentino Che Guevara.
Saiba Mais - Bibliografia
CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas: O Imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
RÉMOND, René (org.). Por uma História política. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
MALERBA, Jurandir (org.). A independência brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
ATIVIDADE:
1- Assista ao vídeo abaixo.
2- Comparando o texto "Heróis na berlinda" com o documentário que você acabou de assistir analise:
a) o papel do Mito do Dom Pedro I na construção da identidade brasileira.
b) a visão apresentada no documentário acerca de Dom Pedro.
PERÍODO REGENCIAL
MAPA MENTAL SOBRE A REVOLTA DA FARROUPILHA FEITA POR ALUNOS DA 2ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO.
E COMO PROMETIDO: VAI AQUI A PUBLICAÇÃO DOS VENCEDORES!!!! PARABÉNS.
Laryssa Lorraine S. Azevedo |
Riane Fagundes André |
QUESTÕES
1- "Sabinada" na Bahia, "Balaiada" no Maranhão e "Farroupilha" no Rio Grande do Sul foram algumas das lutas que ocorreram no Brasil em um período caracterizado
a) por um regime centralizado na figura do imperador, impedindo a constituição de partidos políticos e transformações sociais na estrutura agrária.
b) pelo estabelecimento de um sistema monárquico descentralizado, o qual delegou às Províncias o encaminhamento da "questão servil".
c) por mudanças na organização partidária, o que facilitava o federalismo, e por transformações na estrutura fundiária de base escravista.
d) por uma fase de transição política, decorrente da abdicação de Dom Pedro I, fortemente marcada por um surto de industrialização, estimulado pelo Estado.
e) pela redefinição do poder monárquico e pela formação dos partidos políticos, sem que se alterassem as estruturas sociais e econômicas estabelecidas.
2- Sobre a Guarda Nacional, é correto afirmar que ela foi criada:
a) pelo imperador, D. Pedro II, e era por ele diretamente comandada, razão pela qual tornou-se a principal força durante a Guerra do Paraguai.
b) para atuar unicamente no Sul, a fim de assegurar a dominação do Império na Província Cisplatina.
c) segundo o modelo da Guarda Nacional Francesa, o que fez dela o braço armado de diversas rebeliões no período regencial e início do Segundo Reinado.
d) para substituir o exército extinto durante a menoridade, o qual era composto, em sua maioria, por portugueses e ameaçava restaurar os laços coloniais.
e) no período regencial como instrumento dos setores conservadores destinado a manter e restabelecer a ordem e a tranqüilidade públicas.
3- O resultado da discussão política e a aprovação da antecipação da maioridade de D. Pedro II representou:
a) o pleno congraçamento de todas as forças políticas da época.
b) a vitória parlamentar do bloco partidário liberal.
c) a trama bem-sucedida do grupo conservador que fundara a Sociedade Promotora da Maioridade.
d) a anulação da ordem escravista que prevalecia sobre os interesses particulares.
e) a debandada do grupo político liderado por um proprietário rural republicano.
4- Do ponto de vista político podemos considerar o período regencial como:
a) uma época conturbada politicamente, embora sem lutas separatistas que comprometessem a unidade do país.
b) um período em que as reivindicações populares, como direito de voto, abolição da escravidão e descentralização política foram amplamente atendidas.
c) uma transição para o regime republicano que se instalou no país a partir de 1840.
d) uma fase extremamente agitada com crises e revoltas em várias províncias, geradas pelas contradições das elites, classe média e camadas populares.
e) uma etapa marcada pela estabilidade política, já que a oposição ao imperador Pedro I aproximou os vários segmentos sociais, facilitando as alianças na regência.
5- O período regencial foi politicamente marcado pela aprovação do Ato Adicional que:
a) criou o Conselho de Estado.
b) implantou a Guarda Nacional.
c) transformou a Regência Trina em Regência Una.
d) extinguiu as Assembleias Legislativas Provinciais.
e) eliminou a vitaliciedade do Senado.
SEGUNDO IMPÉRIO
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PARA SABER UM POUCO MAIS
Assassinos oficiais
Com a esperança de ganhar a liberdade, criminosos saíram das cadeias para lutar na Guerra do Paraguai.
Em meados do século XIX, Brasil e Paraguai disputavam o domínio sobre o Rio da Prata, área estratégica de comércio e navegação. Com o pretexto de defender os interesses de brasileiros no Uruguai, o Império invadiu parte daquele país em 1864, notadamente com a intenção de conquistar a hegemonia geopolítica platina. A notícia dessa invasão chegou a Assunção, capital paraguaia, na forma de rumor. Indignado, o presidente paraguaio Solano López (1827-1870) aprisionou, em novembro de 1864, a embarcação brasileira Marquês de Olinda. Em seguida, invadiu com sucesso a província de Mato Grosso. A Guerra do Paraguai havia começado.
Entre as hostilidades de ambos os lados, o ditador Solano López foi mais imprudente. Em abril de 1865, tropas paraguaias também invadiram a cidade de Corrientes, na Argentina, o que levou os argentinos a se aliarem aos brasileiros e aoscolorados uruguaios, formando assim a TrípliceAliançacontra o Paraguai. Logo depois, a província do Rio Grande do Sul foi atacada pelo exército lopista. Apesar disso, a matemática de “três contra um” dava confiança aos aliados; o conflito parecia fácil e breve. Mas houve grande resistência por parte de López, à qual se somou o despreparo das tropas brasileiras e a morosidade dos comandos em chefe.
Economicamente, quanto mais duravam os confrontos, mais aumentavam as dívidas externas, e os cofres públicos tiveram grandes despesas, como os gastos com transporte de soldados e o pagamento de soldos adiantados aos voluntários da pátria. Em termos sociais, o prolongamento causou muitos transtornos às autoridades, que enfrentaram multidões revoltadas contra esses alistamentos forçados nas províncias. De todos os recantos do Brasil há notícias de que bando armados dificultavam o recrutamento para a guerra, e a imprensa nacional descrevia “cenasdesangue”.
As populações pobres foram as que mais sofreram com os recrutamentos para o conflito, já que eram obrigadas a pagar esse “tributo de sangue”, expressão utilizada na época para designar o modo violento dos alistamentos.
A guerra contra o Paraguai foi muito peculiar, uma vez que o Império nunca havia travado um conflito tão duradouro com uma nação estrangeira. Neste sentido, foi necessária uma quantidade de forças humanas jamais vista. Exigência bastante complicada para uma nação que não tinha um exército organizado nem numeroso. Diante disso, o governo imperial teve que criar estratégias que suprissem a falta de contingente.
A primeira foi baixar o Decreto dos Voluntários da Pátria, em 7 de janeiro de 1865, como estímulo ao serviço das armas. Esse aparato legal oferecia terra, dinheiro, pensão nos casos de morte ou invalidez por ferimentos em combate, e ainda trazia prestígio social a todos os brasileiros que quisessem lutar na guerra contra o Paraguai; afinal, era preciso mudar a imagem de violência vinculada à lida militar e aos soldados. A rigor, ninguém queria servir no exército como soldado por vários motivos: os soldos eram ínfimos e incertos, havia muita violência e humilhação dentro das casernas e os recrutas geralmente serviam em localidades distantes de suas famílias. Além disso, a violência usada pelas tropas portuguesas contra a população brasileira nos tempos coloniais comprometeu a imagem dos fardados. No Império, dizia-se que a profissão de soldado era exercida por homens pobres e violentos. Durante a campanha do Paraguai, houve uma breve mudança: ele passou a ser soldado-cidadão. Uma cruzada cívica sacudiu o Brasil a partir do decreto e, por um momento, a guerra se tornou um tipo de “religião nacional”. Até o início de 1868, o Ceará já havia mandado 5.047 soldados para a guerra, dos quais 1.037 eram voluntários.
No entanto, entre 1867 e 1868, o alistamento de voluntários nas províncias brasileiras rareava, e o recrutamento não estava preenchendo os vazios nas tropas. Diante dessas dificuldades, o Império adotou medidas emergenciais. Uma delas foi o perdão dado aos criminosos comuns, como homicidas, caso eles se oferecessem para os campos de batalha.
Em meados de 1867, uma circular enviada pelo Ministério da Justiça chegou à presidência do Ceará e de outras províncias, como Piauí e Minas Gerais, determinando que os condenados por crimes de homicídio ou tentativa de homicídio que provassem o cumprimento de mais de dois terços da pena e bom comportamento receberiam indulto a fim de irem para a guerra do Paraguai. A ida só seria “vetada se o crime tivesse sido cometido contra pessoa da própria família”. Além disso, o condenado precisava que alguma autoridade civil ou militar intercedesse a seu favor.
Alguns meses depois, um grupo de presos da cidade cearense de Sobral aceitou a proposta, e cinco homicidas que cumpriam pena na cadeia de Fortaleza tiveram suas sentenças revogadas, pois estavam dentro do perfil exigido pelo Ministério da Justiça. A medida teve tanta aceitação entre os assassinos cearenses que até mesmo aqueles que não estavam dentro dos “padrões” exigidos pelas autoridades tentaram se alistar.
Em 1868, o assassino Antônio Gaspar da Graça estava cumprindo pena na cadeia de Fortaleza e pediu para falar com o delegado. O assunto? Ele dizia estar “disposto a ir ao quartel de primeira linha, de onde pretendia partir para combater no Paraguai”. A solicitação foi negada porque, de acordo com aquela autoridade policial, “os presos só poderiam sair da prisão nos casos prescritos na lei”. Como esse condenado não sabia dizer com clareza o tempo de sua condenação e nem tinha a seu favor um requerimento que comprovasse sua aptidão, foi preterido.
Naquele mesmo ano, os presidiários Joaquim José de Medeiros e Manoel Costa Cavalcante se ofereceram para o serviço da guerra, mas ambos cumpriam pena por crime contra pessoa da família. Contudo, Manoel teve a oportunidade de explicar sua situação ao chefe de polícia da província, que mandou uma petição para o presidente cearense. Informava: “o crime de morte praticado por Manoel da Costa Cavalcante não foi praticado em pessoa de sua família, e menos ainda em alguém que ele devesse respeito, pelo contrário, o morto era seu encarniçado inimigo”. O preso, então, foi aceito.
Ir para a guerra representava uma opção para os indivíduos considerados nocivos à ordem pública, a exemplo dos assassinos. Mas o Estado imperial não usou esse artifício para fazer uma espécie de “limpeza social”. Na verdade, muitos presos estavam dispostos a recuperar a liberdade, e o alistamento voluntário poderia ser a solução.
A ideia de uma redenção na Guerra do Paraguai tomou grandes proporções, a ponto de, na província cearense, não faltarem condenados “desejosos de combater”. No início de 1868, o delegado de polícia de Fortaleza explicava ao presidente do Ceará a boa vontade do “transgressor Felipe de Araújo Frasão, que já havia cumprido metade de sua pena, de participar da guerra como voluntário”.
Todas essas evidências apontavam para um jogo no qual cada um tirava suas vantagens. De um lado, homens em busca da liberdade do corpo e do estigma social encontrariam solução no alistamento concedido para a guerra; de outro, a falta de soldados nas fileiras seria resolvido, ainda que temporariamente, nesses recrutamentos.
O motivo de tanto sacrifício, principalmente por parte dos homicidas cearenses, também pode ter explicação nos benefícios sociofinanceiros prometidos pelo Decreto dos Voluntários da Pátria. Aliás, essas vantagens eram conhecidas de todos: além de estarem na primeira página dos principais jornais da província, como O Cearense, eram anunciadas em praças públicas, por autoridades e intelectuais, para os habitantes das principais cidades do Ceará.
A presença espontânea dos transgressores nas juntas de alistamento e nas fileiras do Exército demonstra como a guerra, com todos os equívocos de um conflito, passou a representar a possibilidade de transformar criminosos em homens com algum respeito e defensores da pátria.
Maria Regina Santos de Souza é autora da dissertação “Impactos da Guerra do Paraguai na Província do Ceará -1865-1870” (Universidade Federal do Ceará, 2007). Extraído do site da Revista de História da Biblioteca Nacional.
SAIBA MAIS - Bibliografia
COSTA, Wilma Perez. A Espada de Dâmocles: o Exército, a Guerra do Paraguai e a crise do Império. São Paulo: Hucitec/ Unicamp, 1996.
CUNHA, Marco Antônio. A Chama da Nacionalidade: ecos da Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: Bibliex, 2000.
DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: Nova História da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
IZECKSOHN, Vitor. O Cerne da Discórdia: a Guerra do Paraguai e o núcleo profissional do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro: Bibliex, 1997.
SALLES, Ricardo. Guerra do Paraguai: escravidão e cidadania no Exército brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 1990.
Arrogância britânica
A Jovem Rainha Vitória |
EXERCÍCIOS DE GUERRA DO PARAGUAI
1. “A guerra exterminou quase uma geração de paraguaios, arrasou povoados, fortificações e hipotecou o futuro da arruinada nação”, escreveu o argentino Alejandro Maciel em "O Livro da Guerra Grande". Assinale a alternativa incorreta:
a) Após a vitória sobre o Paraguai, o Exército brasileiro ficou fortalecido, e a monarquia, enfraquecida
b) A guerra impôs ao Paraguai uma forte retração demográfica.
c) O Exército brasileiro precisou formar o corpo de "Voluntários da Pátria" para a Guerra do Paraguai
d) Em 1864, o ditador paraguaio Francisco Solano López apoiou a intervenção brasileira no Uruguai
e) O Paraguai possuía indústrias e ferrovias, havia estatizado a economia e não dependia de recursos estrangeiros.
2. (UFES) A Guerra do Paraguai, considerada o maior conflito armado da história da América do Sul, além de provocar a morte de inúmeros paraguaios, brasileiros, argentinos e uruguaios, foi a causa do desequilíbrio econômico e do aumento substancial das dívidas externas dos países envolvidos no conflito. Apesar disso, a guerra foi um "bom negócio" para:
a) os paraguaios, que conquistaram territórios estratégicos para seu desenvolvimento na Bacia do Prata;
b) os argentinos, que conquistaram vastas porções do território paraguaio e anexaram áreas do Rio Grande do Sul;
c) os norte-americanos, que aumentaram a sua exportação de açúcar e trigo para o Uruguai e para o Brasil;
d) os brasileiros, que não tiveram grandes prejuízos com a guerra e conquistaram parte do território argentino e paraguaio;
e) os ingleses, que emprestaram milhões de libras para os países da Tríplice Aliança, com juros altos, através de seus bancos.
3. (UFSC 2011) Leia o texto abaixo com atenção.
Durante cinco anos, a partir de 1865, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai envolveram-se em um conflito armado com resultados trágicos para todos os participantes [...]. Alguns historiadores se referem às consequências da Guerra do Paraguai com a expressão genocídio americano.
(MURARO, V. F. História de Santa Catarina para ler e contar. Florianópolis: Cuca Fresca, 2003. p. 68.)
Com base no texto e sobre a Guerra do Paraguai, assinale a(s) proposição(ões) correta(s).
1) As forças militares do Brasil, Argentina e Uruguai, numericamente superiores, encontraram pouca resistência das tropas paraguaias para detê-las.
2) Declarada a guerra, Santa Catarina, por sua posição estratégica, serviu de base de operações das tropas brasileiras.
4) O Batalhão dos Voluntários da Pátria foi reforçado com o recrutamento de escravos e imigrantes alemães.
8) Durante a Guerra do Paraguai, as forças navais paraguaias invadiram o porto de Laguna em busca de víveres.
16) Ao acolher os feridos nas batalhas, áreas da cidade do Desterro foram contaminadas e, a partir de então, as epidemias se tornaram frequentes na Ilha de Santa Catarina.
32) As causas da guerra foram econômicas, pois o Paraguai do século XIX era a maior potência da região porque tinha acesso privilegiado a vários portos marítimos.
Somatório: ( )
EM DIA COM A HISTÓRIA
Das profundezas do Império
A historiadora Alice Melo escreveu um artigo para a Revista de História da Biblioteca Nacional onde você poderá conferir mais detalhes. Confira.