IMPERIALISMO

O Imperialismo do século XIX




1.       Capitalismo Monopolista e Financeiro
Na segunda metade do século XIX surgiu a tendência monopolista do capitalismo.
Este que se caracterizou pela concentração de capitais determinando a superação das
pequenas e médias empresas que foram engolidas pelos grandes conglomerados
empresariais denominados de trustes e holdings. Outro fato importante iniciado nessa 
época foi a junção do capital das indústrias que se fundiu com o capital dos bancos 
formando o que se denominou de Capitalismo Financeiro. A era dos cartéis e da
 “economia globalizada” estava apenas se iniciando.
2.       Conceito contemporâneo de imperialismo
Esta propaganda de sabão usa o tema do
"Fardo do Homem Branco" para encorajar pessoas brancas
a ensinar noções de higiene a membros de outras raças.
O Imperialismo é compreendido como uma etapa de expansão capitalista, marcada pela busca e monopólio dos mercados externos além da dominação política de países industrializados sobre os países menos desenvolvidos do mundo. Diversas justificativas foram empregadas para esta prática ao longo do século XIX. 
A teoria da "missão civilizatória" legitimou o domínio imperialista europeu sobre a África e a Ásia, a utilização ideológica de teorias raciais europeias provenientes do século XIX. As que mais se destacaram foram o evolucionismo social e o darwinismo social.
Um dos discursos ideológicos que “legitimariam” o processo de domínio e exploração dos europeus sobre asiáticos e africanos seria o evolucionismo social. Tal teoria classificava as sociedades em três etapas evolutivas: 
1ª) bárbara; 
2ª) primitiva; 
3ª) civilizada. 
Os europeus se consideravam integrantes da 3ª etapa (civilizada) e classificavam os asiáticos como primitivos e os africanos como bárbaros. Portanto, restaria ao colonizador europeu a “missão civilizatória”, através da qual asiáticos e africanos tinham de ser dominados. Sendo assim, estariam estes assimilando a cultura europeia, podendo ascender nas etapas de evolução da sociedade e alcançar o estágio de civilizados.
3.       Territórios dominados pelo neocolonialismo europeu em 1905
                  (em % do total)

América - 27,2%
África - 90,4 %
Ásia - 56,6%
Austrália - 100%
Polinésia - 98,9%

4.   Tipos de Colonização

a) Protetorado: quando os quadros dirigentes locais são substituídos e subordinam-se a uma autoridade européia. Exemplos das dominações ocorridas na Índia e no Egito.

b) Área de Colonização: quando toda a região encontra-se sob severo controle militar, político e econômico de uma potência européia. Exemplo da dominação ocorrida na Argélia e na África do Sul.

c) Área de Influência: quando os quadros dirigentes locais são mantidos, porém, é imposto ao país a assinatura de acordos desiguais e desvantajosos. Exemplo da dominação ocorrida na China.







5.       Movimentos de Resistência Colonial

Índia: sob forte resistência dos camponeses, artesãos e soldados, camadas sociais arruinadas com a violenta dominação inglesa, ocorreu a Revolução dos Cipaios.
China: o domínio da China ocorreu após a Guerra do Ópio (1839-42) quando ocorreu a "abertura" forçada dos portos e a posse de Hong Kong pela Inglaterra através do Tratado de Nanquim.
As principais revoltas foram:
- Revolução Taiping
- Revolta dos Boxers.
6.       A Conferência de Berlim e a Partilha da África

A repartição da África, realizada de forma despótica, teve seu ápice quando da realização da Conferência de Berlim, que se iniciou em 1884 e durou até o ano subsequente.

A Conferência contou com a participação de 15 países, 13 pertencentes à Europa mais os Estados Unidos e Turquia. Apesar dos Estados Unidos não possuírem colônias no continente africano, era um poderio que se encontrava em fase de crescimento, visando assim a conquista de novos territórios.

Na mesma situação se encontrava o país sede da Conferência, a Alemanha, que desejava também conquistar para si algumas colônias.

Vários temas foram abordados durante a Conferência, porém, o objetivo maior era a elaboração de um conjunto de regras que dispusessem sobre a conquista da África pelas potências coloniais.

A Grã-Bretanha e a França foram os países que abocanharam o maior número de territórios, em seguida veio Portugal, Bélgica, Espanha, Itália – que, apesar de ter adentrado tardiamente na corrida colonial, devido ao processo de unificação nacional pelo qual passava, não ficou a ver navios –, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-Hungria e Império Otomano.

A Turquia, apesar de não conquistar nenhuma colônia na África, era o cerne do Império Otomano – Estado que teve sua existência entre os anos de 1299 e 1922 – e tinha interesses no norte da África.

Os demais países europeus que não foram beneficiados na divisão da África eram potências comerciais ou industriais que já possuíam negócios mesmo que indiretos com o continente africano.

Durante a Conferência houve um momento de tensão muito sério. Tudo se deu devido a um plano apresentado por Portugal, conhecido como Mapa Cor-de-Rosa, no qual ele esboçou a intenção de ligar Angola a Moçambique a fim de aprimorar a comunicação entre as duas colônias e tornar mais fácil o comércio e o transporte de mercadorias.

A aprovação da ideia foi unânime, até o momento em que a Inglaterra, que Portugal considerava sua aliada, se opôs veementemente e ameaçou – por meio de um ultimato que ficou conhecido na história pelo nome de Ultimato Britânico de 1890 – declarar guerra a Portugal caso esse não desistisse de seus planos. Portugal agiu com bom senso, pois temendo represálias, abandonou a ideia.

O quadro ficou assim definido após o término desta conferência: a Grã-Bretanha tornou-se a dirigente de toda a África Austral - pertencente à parte sul, banhada pelo Oceano Índico em sua região próxima a borda do mar oriental e pelo Atlântico em seu litoral ocidental, exceto Angola e Moçambique, colônias portuguesas -, do Sudoeste Africano e da África Oriental, exceto Tanganica. A costa ocidental e o Norte – da qual faziam parte a Guiné-Bissau e Cabo Verde - foram repartidos com a França, Espanha e Portugal.

O Congo, a região mais disputada, o “âmago” da altercação, localizada no centro-oeste da África, continuou sendo “domínio exclusivo” da Companhia Internacional do Congo, que tinha como principal acionista o rei Leopoldo II da Bélgica.

As linhas divisórias nacionais vieram à luz a partir da injunção imposta por esta Conferência, uma arbitrariedade sem proporções, não houve qualquer preocupação em se preservar o que já existia.

No começo do século XX, o continente africano se encontrava em condições lamentáveis, totalmente cortado em pedaços, um para cada ocupante imperialista. Havia enormes aberrações nas organizações sociais e culturais dos territórios que foram jugulados. A economia tradicional comunitária ou de subsistência foi totalmente desarticulada quando do ingresso de cultivos destinados exclusivamente para o sustento e bem-estar das carências das metrópoles.

Na colonização, a África foi retaliada de acordo com os interesses e benfeitorias dos europeus, tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas unidas. É por este motivo que nos dias de hoje ocorrem tantas guerras civis.


7.       Choques Imperialistas na África

       a) Egito: área de convergência dos interesses da França e da Inglaterra. O projeto inglês era de construir uma estrada-de-ferro cortando toda a extensão do continente, ligando as cidades do Cairo à cidade do Cabo.

b) Marrocos: região de disputa entre a França e a Alemanha.

c) África do Sul: região disputada por colonos ingleses e holandeses pela posse das minas de ouro e diamante. A Guerra dos Boêres culminou com a vitória dos ingleses.

8.       Consequências do Imperialismo
  1. Exploração da mão-de-obra e dizimação de populações nativas da África e Ásia.
  2. Disseminação de teorias racistas (darwinismo social) entre os povos habitantes da África.
  3. Atraso econômico, social.
  4. Disputas pelo poder político no continente africano.
  5. Lutas tribais e étnicas.
  6. Formação de blocos antagônicos entre as potências industriais (países capitalistas tradicionais  X países capitalistas emergentes)
ASSISTA AO VIDEO SOBRE O IMPERIALISMO DO SÉCULO XIX
https://www.youtube.com/watch?v=KsI5stg9MDQ 
Diferenciando temporalidades

TEXTO: uma metáfora

Se os tubarões fossem homens...


"Se os tubarões fossem homens', perguntou ao Sr. K. a filha da sua senhoria, 'eles seriam mais amáveis com os peixinhos?' 'Certamente', disse ele. 'Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal como vegetal.

Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca, e tomariam toda espécie de medidas sanitárias. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, então lhe fariam imediatamente um curativo, para que ele não lhes morresse antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem melancólicos, haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente, haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar para as goelas dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar. O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que esse futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente.

Acima de tudo, os peixinhos deveriam evitar toda inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista, e avisar imediatamente os tubarões, se um dentre eles mostrasse tais tendências. Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, eles iriam proclamar, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não podem se entender.

Cada peixinho que na guerra matasse alguns outros, inimigos, que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, naturalmente haveriam também arte entre eles. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores soberbas, e suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente.

Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos nadando com entusiasmo para as gargantas dos tubarões, e a música seria tão bela, que a seus acordes todos os peixinhos, com a orquestra na frente, sonhando, embalados nos pensamentos mais doces, se precipitariam nas gargantas dos tubarões.

Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa apenas na barriga dos tubarões.

Além disso, se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores poderiam inclusive comer os menores. Isto seria agradável para os tubarões, pois eles teriam, com maior freqüência, bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores, detentores de cargos, cuidariam da ordem entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, construtores de gaiolas, etc.

Em suma, haveria uma civilização no mar, se os tubarões fossem homens’."

Bertolt Brecht


  1. O autor utiliza a linguagem metafórica para tratar de um assunto. Identifique a temática central do texto.
  2. Dê um exemplo histórico de como o que está explicito no fragmento grifado ocorreu. Procure contextualizar sua resposta.
  3. Identifique do ponto de vista da história econômica capitalista quem seriam os tubarões, os peixes e os peixinhos?

DOCUMENTÁRIO:
BBC: RACISMO, UM LEGADO SELVAGEM






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